quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Humor: O vazamento é nosso


O Estado do Rio tomou na tarraqueta social mais uma vez: depois de perder os royalties do petróleo agora ganhou um vazamento pelas costas, quer dizer, pela costa litorânea. O mar não está pra peixe, aliás nem tem mais peixe porque eles morreram todos por causa do desastre ecológico.

Agora é que eu estou entendendo essa política de compensação da presidenta Fudilma Roussef: o Rio não ganha mais os royalties do petróleo mas, em compensação, o Oceano Atlântico que banha as nossas praias, fica mais poluído que a Praia de Ramos, quer dizer, Praia de Erramos.

Outro dia mesmo fui passar o fim-de-semana no meu bungallow em Iguaba Média, que fica entre Iguaba Média e Iguaba Pequena, na Região dos Grandes Lábios. Assim que cheguei, resolvi dar um mergulho na praia pra me refrescar e, quando fui saí da água, reparei que estava todo coberto de óleo, dos pés a cabeça. E vice versa! Quando cheguei em casa, a Isaura, a minha patroa, me confundiu com o Seu Jorge e, imediatamente, quis dar pra mim, quer dizer, pra ele. Quando tirei a minha sunga, Isaura, a minha patroa, desapontada percebeu que tinha se enganado redondamente, quer dizer, longamente.

Para tirar o petróleo grudente da minha pele, fiquei me esfregando horas a fio com caco de telha e Varsol. Mas não adiantou nada: continuo preto. E agora, nessa condição, estou sentindo na própria pele o preconceito que sofrem os afro-descendentes de pele escura no Brasil. E o que é pior: a toda hora sou parado pela polícia pra levar uma “geral”. Aqueles que dizem que não existe racismo no Brasil, eu recomendo: pintem-se de petróleo pra ver só o que é bom!

Publicado no jornal O Globo - 27/novembro/2011

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